Dando prosseguimento ao proposto na Base Nacional Comum Curricular, o artigo de hoje focaliza os Objetivos de Aprendizagem dos Centros de Experiência. Volto a lembrar que na BNCC, no que se refere à Educação Infantil, os Campos de Experiência e seus objetivos de aprendizagem não são especificados por creche e pré-escola.
Em relação ao Campo de Experiência O Eu, o Outro e o Nós, são os seguintes os objetivos: “Conviver com crianças e adultos em pequenos e grandes grupos, percebendo e valorizando as diferenças individuais e coletivas existentes, aprendendo a lidar com conflitos e a respeitar as diferentes identidades e culturas; brincar com diferentes parceiros e envolver-se em variadas brincadeiras, como as exploratórias, as de construção, as tradicionais, as de faz-de-conta e os jogos de regras, de modo a construir o sentido do singular e do coletivo, da autonomia e da solidariedade; explorar materiais, brinquedos, objetivos, ambientes, entorno físico e social, identificando suas potencialidades, limites, interesses e desenvolver sua sensibilidade em relação aos sentimentos, às necessidades e às ideias dos outros com quem interage; participar ativamente, das situações do cotidiano, tanto daquelas ligadas ao cuidado de si e do ambiente, como das relativas às atividades propostas pela professora, aprendendo a respeitar os ritmos, os interesses e os desejos das outras crianças; comunicar às crianças e aos adultos suas necessidades, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, oposições, utilizando diferentes linguagens de modo autônomo e criativo, empenhando-se em entender o que eles lhe comunicam; conhecer-se e construir uma identidade pessoal e cultural de modo a constituir uma visão positiva de si e dos outros com quem conviver, valorizando suas próprias características e as das outras crianças e adultos, superando visões racistas e discriminatórias.”
Vejamos, agora, os objetivos de aprendizagem do Campo de Experiência Corpo, Gestos e Movimentos: “Conviver com crianças e adultos em diversos espaços e vivenciar movimentos e gestos que marcam sua cultura, utilizando seu corpo com liberdade e autonomia; brincar, utilizando criativamente práticas corporais para realizar jogos e brincadeiras e para criar e representar personagens no faz-de-conta, no reconto de histórias, em danças e dramatizações; explorar um amplo repertório de mímicas, gestos, movimentos com o corpo, podendo apoiar-se no uso de bolas, pneus, arcos, descobrindo variados modos de ocupação e de uso do espaço com o corpo; participar de modo ativo, de diversas atividades que envolvem o corpo e de atividades de cuidados pessoais, reconhecendo-o, compreendendo suas sensações e necessidades e desenvolvendo autonomia para cuidar de si; comunicar corporalmente sentimentos, emoções e representações em diversos tipos de atividades, como no reconto oral de histórias, em danças e dramatizações; conhecer-se, reconhecendo, nomeando e valorizando suas características pessoais e corporais e as das outras crianças e adultos, suas capacidades físicas, suas sensações, suas necessidades.”
Passemos aos objetivos de aprendizagem do Campo de Experiência Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação: “Conviver com crianças, jovens e adultos usuários da sua língua materna, de LIBRAS e de outras línguas e ampliar seu conhecimento sobre a linguagem gestual, oral e escrita, apropriando-se de diferentes estratégias de comunicação; brincar, vocalizando ou verbalizando, com ou sem apoio de objetos, fazendo jogos de memória ou de invenção de palavras, usando e ampliando seu repertório verbal; explorar gestos, expressões corporais, sons da língua, rimas, além dos significados e dos sentidos das palavras nas falas, nas parlendas, poesias, canções, livros de história e outros gêneros textuais, aumentando gradativamente sua compreensão da linguagem verbal; participar ativamente de rodas de conversa, de relatos de experiências, de contação de histórias, elaborando narrativas e suas primeiras escritas não convencionais ou convencionais, desenvolvendo seu pensamento, sua imaginação e as formas de expressão; comunicar desejos, necessidades, pontos de visita, ideias, sentimentos, informações, descobertas, dúvidas, utilizando a linguagem verbal ou de LIBRAS, entendendo e respeitando o que é comunicado pelas demais crianças e adultos; conhecer-se e construir, nas interações, variadas possibilidades de ação e de comunicação com as demais crianças e com adultos, reconhecendo aspectos peculiares a si e aos de seu grupo de pertencimento.”
Os objetivos de aprendizagem do Campo de Experiência de Traços, Sons, Cores e Imagens são “conviver e elaborar produções com as linguagens artísticas junto com as outras crianças, valorizando a produção destes e com eles fruindo manifestações culturais de sua comunidade e de outros lugares, desenvolvendo o respeito às diferentes culturas, às identidades e às singularidades; brincar com diferentes sons, ritmos, formas, cores, texturas, materiais sem forma, imagens, indumentárias e adereços, construindo cenários para o faz-de-conta; explorar variadas possibilidades de usos e combinações de materiais, recursos tecnológicos, instrumentos, utilizando linguagens artísticas para recriar, a seu modo, manifestações de diferentes culturas; participar do ambiente, da escolha e do cuidado do material usado na produção e na exposição de trabalhos, utilizando diferentes linguagens que possibilitem o contato com manifestações do patrimônio cultural, artístico e tecnológico; comunicar com liberdade, com criatividade e com responsabilidade seus sentimentos, necessidades e ideias, por meio de linguagens artísticas; conhecer-se, experimentando o contato criativo e prazeroso com manifestações artísticas e culturais locais e de outras comunidades, desenvolvendo sua sensibilidade, criatividade, gosto pessoal e modo peculiar de expressão.”
Chegamos aos objetivos de aprendizagem do Campo de Experiência Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações. São eles: “conservar e explorar, com seus pares, diferentes objetos e materiais que tenham diversificadas propriedades e características físicas e, com eles, identificar, nomear, descrever e explicar fenômenos observados; brincar com indumentárias, acessórios, objetos cotidianos associados a diferentes papéis ou cenas sociais e com elementos da natureza que apresentem diversidade de formas, texturas, cheiros, cores, tamanhos, pesos, densidades e possibilidades de transformação; explorar as características de diversos elementos naturais e objetos, tais como tamanho, forma, cor, textura, peso, densidade, luminosidade, funcionalidade, procedência e utilidade, reagrupando-os e ordenando-os segundo critérios diversos, além de explorar situações sociais cotidianas, reais ou da fantasia, identificando participantes, seus pontos de vista e possíveis conflitos; participar da resolução de problemas cotidianos que envolvam quantidades, medidas, dimensões, tempos, espaços, comparações, transformações, buscando explicações, levantando hipóteses; comunicar às crianças suas impressões, observações, hipóteses, registros e explicações sobre objetos, organismos vivos, personagens, acontecimentos sociais, fenômenos da natureza, preservação do ambiente; conhecer-se e construir sua identidade pessoal e cultural, identificando seus próprios interesses na relação com o mundo físico e social, convivendo e conhecendo os costumes, as crenças e as tradições de seus grupos de pertencimento.”
Para que esses objetivos sejam alcançados torna-se indispensável que professores e demais profissionais sejam qualificados, que haja condições para o trabalho pedagógico nas creches e pré-escolas, traduzidas em espaços que permitam às crianças ter oportunidade de vivenciar interações, explorações, descobertas, de ter acesso a materiais diversificados que permitam gerar enredos, para que ocorram as explorações, as produções, as brincadeiras infantis. É importante que haja gestão do tempo para que as crianças possam viver suas experiências, valorizando, em especial, as oportunidades de interações e brincadeiras.
Os gestores dos sistemas de ensino e dos espaços onde se desenvolvem a educação e o atendimento das crianças até seis anos deverão oferecer subsídios para que haja os indispensáveis acompanhamento e avaliação do trabalho desenvolvido, considerando os objetivos de aprendizagem apresentados para os Campos de Experiência, que não são novos, mas que a partir da Base Nacional serão comuns em todo o território nacional.

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