A ABE surge na década de 20, um período da história cheio de grandes e graves apreensões, reunindo personalidades ilustres e cultas, com o propósito de avaliar suas responsabilidades e deveres em relação aos grandes problemas nacionais.O sentimento comum ao grupo era a recusa da apatia, indiferença e inércia diante dos fatos que estavam ocorrendo, contrários aos legítimos direitos da pessoa humana e pondo em perigo o ideal de uma vida democrática, aspiração de nosso povo ao longo de sua evolução histórica.

Foi com esse propósito idealista e de esperançosas expectativas que se formou, em torno do Professor HEITOR LYRA DA SILVA, um numeroso grupo de intelectuais e profissionais do ensino, inicialmente com predominância de engenheiros vinculados à Escola Politécnica e ao então existente Instituto Politécnico de Engenharia. Faziam parte do grupo, entre outros, TOBIAS MOSCOVO, AMOROSO COSTA, MARIO PAULO DE BRITO, FERDINANDO LABOURIAU, BARBOSA DE OLIVEIRA, DULCÍDIO PEREIRA, EVERARDO BACKEUSER, VENÂNCIO FILHO, EDGAR SUSSEKIND DE MENDONÇA.

O contingente feminino, igualmente expressivo, se fazia representar por ISABEL LACOMBE, ARMANDA ÁLVARO ALBERTO, ALICE CARVALHO DE MENDONÇA, BRANCA FIALHO, BERTHA LUTZ, JERÔNIMA MESQUITA e muitas outras professoras, mães de família, cientistas, que emprestaram valiosa colaboração à iniciativa.

E o movimento continuava crescendo, agregando PAULO BERREDO CARNEIRO, VICENTE LICINIO CARDOSO, MENEZES DE OLIVEIRA, ÁLVARO ALBERTO, BENJAMIN FRANKEL, MARIO AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS e tantos outros.

Mais tarde, chegaram muitos médicos, presença explicada pelos pontos comuns à educação e à saúde. Entre esses, ROQUETTE PINTO, FERNANDO MAGALHÃES, ARTHUR MOSES, AMAURY DE MEDEIROS, MELLO LEITÃO, BELISÁRIO PENNA, MIGUEL COUTO, os irmãos OSÓRIO DE ALMEIDA e um grande número de sanitaristas, representados por GUSTAVO LESSA, CARLOS SÁ, MANUEL FERREIRA, ALAIR ANTUNES, ALMIR MADEIRA. Uma lista longa e lamentavelmente incompleta.

A fundação da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO-mais conhecida pela sigla ABE- se concretizou na tarde do dia 15 de outubro de 1924, no anfiteatro de Física da Escola Politécnica.

Em 1932, a ABE lançou o célebre MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA, redigido por Fernando de Azevedo que, pela repercussão alcançada em nossos meios educacionais e culturais, constituiu-se num acontecimento marcante na história da educação brasileira.

Ao longo de sua atuação, a ABE promoveu diversas Conferências Nacionais de Educação, com educadores de todo o país, para debater importantes questões educacionais. O pensamento da ABE influenciou na elaboração de leis que traçaram diretrizes e bases da educação e de planos nacionais de educação. Para se manter atualizada, a ABE realiza conferências e seminários, divulga textos e trabalhos de seus associados e mantém intercâmbio de informações com importantes instituições educacionais do Brasil e do mundo.

Como instituição voltada para a educação e a cultura do país, a ABE, hoje, é procurada, com freqüência, por estudiosos interessados em encontrar em seu arquivo - considerado de utilidade pública no ano de 2008 - material para a preparação de teses de mestrado e doutorado, livros e pesquisas. O acervo da ABE contém valiosos documentos, muitos dos quais manuscritos preciosos para a História da Educação no Brasil, além de antigas gravações de vozes dos grandes fundadores das diretorias da ABE.

Concebida como entidade pedagógica e cultural, a ABE reúne uma pluralidade de profissões, entre professores, intelectuais e todas as pessoas interessadas na educação e na cultura. Nunca foi e nem é uma instituição de classe. Aprimorar a capacitação dos mestres de todos os níveis de ensino, para assegurar-lhes melhor rendimento de trabalho, é o caminho escolhido para dignificar tanto a profissão quanto os educadores e, em consequência, trabalhar em prol do aprimoramento da educação brasileira.

A ABE surgiu para enfrentar os graves problemas que obstruíam o desenvolvimento da educação brasileira. Passados 94 anos, é constrangedor verificar que muitos deles continuam a desafiar os educadores. Embora a inegável democratização de oportunidades educacionais, enfrentamos, hoje, o desafio de resgatar a qualidade do ensino. A educação tornou-se a questão política, por excelência, e seu enfrentamento é urgente. O futuro do país depende das respostas que forem dadas ao desafio de garantir a todos os brasileiros uma educação de qualidade.