O mundo mudou. E a escola?

         As crianças do século 21 crescem imersas em iphones, ipads, ipods, computadores, câmeras de vídeo, de fotografia e outros dispositivos,  cada vez mais simples de manusear e que cada vez oferecem mais e diferentes possibilidades de interação com a realidade.  As crianças do século 21 não conheceram o mundo sem todas essas máquinas, que encaram com naturalidade e sem nenhum assombramento. Elas fazem parte da geração chamada de nativos digitais.

         Para os nativos digitais, a tela é o principal suporte de mediação entre o sujeito e a realidade. É através dela que eles se relacionam com o conhecimento, com o mundo, com o lazer, com os amigos e com outras pessoas que encontram no espaço virtual, num ambiente muito diferente do que se vivia até 15 anos atrás. Usando a tela como principal suporte para interagir com o mundo, seu cérebro faz conexões diferentes daquelas dos adultos com mais de 20 anos.        

         Os nativos digitais aprendem abordando os objetos de conhecimento por todos os lados ao mesmo tempo, de modo muito diferente dos chamados imigrantes digitais, aqueles que chegaram ao mundo da tecnologia mais tarde na vida, já quase adultos, e que aprenderam passo a passo, do mais fácil para o mais difícil, sendo ensinados. Os nativos digitais são capazes de fazer diversas coisas ao mesmo tempo e aprender as coisas sem um ritmo pré-determinado.

         Os computadores permitem que se adquira o conhecimento logo que se deseje ou necessite, imediatamente, através da internet, com os sites de busca, as enciclopédias digitais, os dicionários digitais, os corretores de textos, os hiperlinks e os diversos aplicativos, numa rapidez nunca vista antes na História do Homem. Não cabe julgar se é pior ou melhor do que há 15 anos. É apenas diferente. As novas tecnologias mudaram o mundo, que não voltará a ser o que era.

         A instituição escolar, por mais que as escolas tenham aderido às novas tecnologias, ainda é habitada por adultos imigrantes digitais, isto é, aqueles que se lembram do passado, de uma outra maneira de viver, que têm o “sotaque” de uma antiga língua. Quando os nativos digitais chegam à escola , encontram uma cultura imigrante e há um embate entre as duas culturas, um desentendimento de linguagens. Esses alunos, considerados desinteressados, desatentos, desrespeitosos, na verdade, são alunos diferentes. Eles mudaram junto com a realidade, que mudou com a tecnologia digital. Nasceram e vivem em outro entorno cultural e a escola é que ainda não conseguiu se adaptar ao novo ambiente que emergiu, sem possibilidade de retorno.

          O mundo se encontra num momento difícil e as novas gerações vão viver problemas importantes, como os graves problemas ambientais, o recrudescimento de conflitos étnicos, políticos e religiosos e as transformações dadas pelas novas tecnologias, como manipulação genética, que permite criação de espécies em laboratório.  É para enfrentar esses desafios que a escola deve preparar as crianças e jovens de hoje. 

          A herança enciclopédica da escola terá que ser abandonada para a construção de uma escola que incentive o pensamento inovador e o pensamento divergente. Hoje, as respostas estão no computador, nos sites de busca. O que não está no computador são as perguntas sobre os problemas sócio-políticos, científicos, ambientais, éticos. A capacidade de identificar e resolver problemas é a competência fundamental para viver no futuro próximo. A escola básica e as academias têm que se reinventar para atenderem à necessidade de formar as novas gerações para novos tempos.